Caroline Fair - Cap. 2

AVISO: A palavra "discussão" não está escrita da forma correta. Perdão pelo engano.

Saio de casa as pressas, tão rápido quanto meus pés podem avançar. Realmente não entendo essas mudanças de humor que papai tem, existem dias que ele é o melhor pai do mundo, mas em outros eu tenho tanto medo que minha vontade é fugir de casa. Mas fiz uma promessa pra mim mesma dias atrás, até coloquei em uma dessas mil listas de objetivos que sempre faço, cada dia será um novo dia. Todos os dias vou tentar fazer tudo diferente, porque as coisas precisam mudar. Enquanto caminho a chuva molha meus cabelos, esqueci de novo o guarda chuva, gostaria de não esquecer as coisas com tanta facilidade, isso me deixa em apuros muitas vezes. Pelo jeito o dia será longo mesmo... NÃO! Concentre-se Carol. 

Finalmente, mais alguns passos e entro de baixo de um teto. As vezes fico comovida pela sensação de felicidade ao chegar na escola, em geral isso é bastante raro. Mas, obviamente a sorte não está do meu lado novamente. Alicia Carton estaciona sua cabeleira loura platinada na minha frente, com seu guarda chuva de corações.

-Oh, olá Carol! Vejo que irá assistir a aula toda encharcada, mais uma vez. (risos) Eu entendo que sua família é pobre, mas um guarda- chuva costuma custar cinco reais se você procurar bem, poderia deixar seu lanchinho da tarde de lado. Você precisa mesmo perder peso.

A sua trupe inteira deu risada, fico abismada com a capacidade que Alicia tem de se fingir de meiga. Dou um largo sorriso para a lagarta em minha frente e me preparo para dar uma grande resposta, uma que vai desmoralizá-la.

-Com licença. 

Airg, porquê não consigo sequer pensar em uma resposta atrevida? Poderia ter dito: "Sai da minha frente vadia", ou algo legal assim. Mas não, eu nunca lembro das melhores respostas na hora. 

Finalmente chego em minha sala de aula, a professora de português já está sentada, tomando seu café e lendo o noticiário como de costume. Ela diz que a sala dos professores é muito barulhenta, não permitindo uma leitura agradável dos fatos. 

Me encaminho para a minha classe, mas fico apavorada ao ver Tomás sentada em minha cadeira. Suspiro por dentro, pensando o quanto será difícil manter a compostura. Tiro os fones de ouvido, que só agora percebi, estavam nos meus ouvidos sem qualquer música tocar, odeio quando isso acontece. 

-Com licença Tomás, poderia me deixar sentar na minha cadeira?

Aqueles olhos negros olharam dentro dos meus, ele suspirou e com uma voz sarcástica disse: 

-Por acaso seu nome está nessa classe?

Fiquei irritada, por até o meu crush (risos) tentar infernizar o meu dia hoje e respondi:

-Na verdade sim, o espelho de classe está na mesa da professora. Gostaria de me acompanhar e constatar você mesmo?

Antes de fechar minha boca percebi o que tinha feito, senti meu rosto corar e só queria que o chão me engolisse. Os alunos que estavam na sala ficaram em silencio, só esperando a reação de Tomás. Eu também. Mas ele me olhou como se tivesse achado minha resposta divertida. Levantou-se da cadeira, colocou a mão na minha cintura e chegou com sua boca perto da minha orelha:

-Sabe Carol, sempre soube que você é por dentro uma gatinha rebelde. Gostaria de ver essas suas garras em ação. Ele sorriu de canto, piscou e saiu da sala de aula, levando com ele seus dois fiéis escudeiros.

Fiquei parada, tentando entender o que tinha acontecido. Fiquei enojada por seu palavreado, mas ele é o menino que sonho todas as noites, então deletei o que ele disse e reformulei sua fala:

"-Sabe linda Carol, sempre soube que você é uma mulher forte e sensual. Gostaria de convidar-lhe para sair e marcar nosso casamento".

Talvez tenha ficado fictício de mais, mas quem se importa? Isso tudo está guardado apenas na minha cabeça. A professora começou a aula, até depois. 

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